O Halloween é, sem dúvida, uma das celebrações mais populares e fascinantes da cultura ocidental, especialmente nos Estados Unidos, onde a festa ganhou contornos modernos com fantasias elaboradas, abóboras assustadoras e o famoso Trick or treat (doçuras ou travessuras). No entanto, a origem dessa festa é muito mais antiga e profunda do que se imagina, envolvendo elementos religiosos, culturais e até sobrenaturais. Conheça a fascinante história por trás do Halloween e descubra como ele se transformou ao longo dos séculos.
1. AS ORIGENS CELTAS: O FESTIVAL DE SAMHAIN
O Halloween tem suas raízes em um antigo festival celta chamado Samhain (pronuncia-se “sôu-en”), celebrado há mais de 2.000 anos nas regiões onde hoje se encontram Irlanda, Reino Unido e norte da França. Esse festival marcava o fim do verão e das colheitas e o início do inverno, uma estação escura e fria que era muitas vezes associada à morte. Para os celtas, o ano novo começava em 1º de novembro, o que tornava o Samhain uma espécie de véspera de ano novo, celebrada na noite de 31 de outubro.
De acordo com a tradição celta, acreditava-se que na noite de Samhain o véu entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos se tornava mais fino. Isso permitia que os espíritos dos mortos retornassem temporariamente ao mundo dos vivos. Para proteger-se desses espíritos e também agradá-los, os celtas faziam oferendas de alimentos, bebidas e objetos, e acendiam grandes fogueiras. As pessoas também usavam máscaras e fantasias, muitas vezes feitas com pele e cabeças de animais, para confundir e afastar os espíritos malignos.
2. A IMPORTÂNCIA DAS FOGUEIRAS E DAS PRIMEIRAS FANTASIAS
As fogueiras, ou bonfires, eram um elemento central nas celebrações de Samhain. Os celtas acreditavam que o fogo tinha o poder de afastar os espíritos malignos, e as fogueiras serviam como um tipo de proteção. Durante o festival, cada lar apagava o fogo de suas lareiras e depois o reacendia com a chama da fogueira sagrada, simbolizando união e proteção para o inverno que estava por vir.
As fantasias também tinham um papel importante. Muitos acreditavam que, ao usar uma máscara ou disfarce, poderiam passar despercebidos pelos espíritos errantes. Esses disfarces eram rudimentares, feitos com materiais naturais, mas simbolizavam a necessidade de se camuflar em uma noite em que o sobrenatural estava solto.
3. A TRANSFORMAÇÃO DO SAMHAIN COM O CRISTIANISMO
Com a chegada do Cristianismo às terras celtas, muitos dos costumes pagãos foram adaptados e incorporados pela Igreja. No século IX, o Papa Gregório III moveu a festa cristã de Todos os Santos (também chamada de All Hallows) para o dia 1º de novembro, com o objetivo de absorver o festival celta. Assim, a véspera de Todos os Santos, em 31 de outubro, passou a ser chamada de All Hallows’ Eve (Véspera de Todos os Santos), e mais tarde foi abreviada para Halloween.
Embora essa nova celebração tivesse o propósito de honrar santos e mártires, as antigas tradições celtas não foram totalmente abandonadas. Os costumes de fogueiras, fantasias e oferendas ainda continuaram, embora com uma roupagem cristã. A Igreja também estabeleceu o dia 2 de novembro como o Dia de Finados (All Souls’ Day), destinado a lembrar e orar pelos mortos, o que reforçou ainda mais as conexões com o Samhain original.
4. A VIAGEM DO HALLOWEEN PARA A AMÉRICA
No século XIX, o Halloween encontrou um novo lar quando imigrantes irlandeses e escoceses levaram suas tradições para os Estados Unidos. Esse movimento migratório foi impulsionado, em parte, pela Grande Fome Irlandesa, que forçou muitas famílias a buscarem uma vida nova no continente americano. Os costumes celtas de Samhain foram abraçados pela cultura americana e começaram a se misturar com outros elementos locais.
Nos Estados Unidos, o Halloween passou por uma grande transformação e adaptação. O ritual de souling, em que pobres iam de porta em porta pedindo comida em troca de orações pelos mortos, foi adaptado para o Trick or treat moderno. Durante o século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, o Halloween cresceu e se tornou um evento amplamente comemorado, com foco nas crianças, na diversão e nas fantasias coloridas e assustadoras.
5. A ABÓBORA: SÍMBOLO DO HALLOWEEN
A abóbora esculpida, chamada de Jack-o’-lantern, também tem uma origem interessante. Segundo uma lenda irlandesa, um homem chamado Stingy Jack fez um pacto com o diabo para evitar ser levado para o inferno. Quando morreu, Jack foi proibido tanto do céu quanto do inferno e ficou condenado a vagar pela escuridão com apenas um pedaço de carvão aceso dentro de um nabo para iluminar seu caminho. Nos Estados Unidos, a abóbora substituiu o nabo devido à sua abundância e facilidade para esculpir.
Hoje, a Jack-o’-lantern é um dos símbolos mais reconhecíveis do Halloween, simbolizando a fusão entre o folclore celta e a cultura americana.
6. O HALLOWEEN MODERNO E SUA EXPANSÃO MUNDIAL
Atualmente, o Halloween é comemorado em vários países ao redor do mundo, especialmente em regiões de influência norte-americana, como Canadá e Reino Unido. A globalização e a cultura pop também levaram a festa a lugares como aqui no Brasil, Japão, México e Austrália, onde a celebração é adaptada às culturas locais.
O Halloween moderno mantém muitos dos elementos antigos, como as fantasias, as abóboras e o Trick or treat, mas o foco está mais voltado para a diversão e o entretenimento. Em vez de uma noite para honrar os mortos, o Halloween se tornou uma festa para todos os públicos, onde o mistério e o sobrenatural são celebrados de maneira leve e divertida.
7. O HALLOWEEN NO CINEMA
O Halloween exerce uma enorme influência no cinema, inspirando inúmeros filmes de terror, suspenses e até comédias, que exploram temas sobrenaturais e o medo do desconhecido. Desde o clássico Halloween (1978) de John Carpenter, que estabeleceu a figura icônica de Michael Myers como um dos vilões mais assustadores da história do cinema, até animações como A Noiva Cadáver e O Estranho Mundo de Jack, a festa se tornou um cenário perfeito para histórias de mistério e horror. Esse gênero de filmes reflete o imaginário coletivo sobre o Halloween, misturando o misticismo e a estética sombria com tramas que variam entre o assustador e o divertido.
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